[GUFSC] Artigo: "Type Managers"

Adriano Winter Bess awbess em gmail.com
Quarta Novembro 16 20:21:56 BRST 2005


On Wed, Nov 16, 2005 at 05:06:33PM -0200, code em inf.ufsc.br wrote:
> Em música temos o Rhythmbox, que pode ser descrito como um primo pobre GTK
> do amaroK.. =)

Já tinha ouvido falado destes dois, mas nunca olhado de perto... Parecem
interessantes, mas ainda estão muito aquém do que eu teria em mente para
uma aplicação deste tipo ;)
 
> E quanto ao assunto do artigo, vale a pena dar uma olhada na discussão que
> partiu dele na Slashdot:
> 
> http://slashdot.org/articles/05/11/16/1451246.shtml?tid=189&tid=126
> 
> Eu, particularmente, concordo com quem tachou o texto de forçado, fazendo
> nótica demais com muito pouco de novo.

Eu recebi o ponteiro em uma outra lista da qual participo. O artigo não
teve muita aceitação nesta lista também, mas o mais interessante é que o
ponteiro foi postado por um _usuário_ que achou o artigo interessante,
enquanto o artigo foi refutado por _desenvolvedores_ que estavam naquela
lista.

Eu concordo com você de que o artigo não conta muita novidade (e para
mim os exemplos citados também não foram bons e não me convenceram), no
entanto, às vezes é interessante chamar atenção ao óbvio pois,
justamente por ser óbvio, passa completamente desapercebido da nossa
parte.

O que me chamou atenção no artigo é justamente a questão do "paradigma"
de interface homem-máquina destacado pelo texto. É interessante observar
a quantidade de gerenciadores de arquivos disponíveis, enquanto a
quantidade de gerenciadores de "conteúdo" é _bem_ menor. Apenas a título
de curiosidade, posto aqui o que um desenvolvedor disse em resposta à
mensagem que postou o artigo na lista que mencionei:

"... There will always be a place for a standard file manager. ..."

Isto me pareceu tão inteligente quanto dizer hoje que sempre haverá
lugares para carros na nossa sociedade, ou talvez, há uns 30 anos atrás,
que sempre haverá lugar para fitas K7 ;)

Uma das coisas que gosto muito de discutir e entender é justamente o
"paradigma" de usabilidade de computadores e software em geral. Às vezes
parece que grande quantidade dos software são escritos por programadores
e para programadores, independentemente de serem livres ou
proprietários. A título de exemplo, eu tenho contribuído como tradutor
de um projeto de SL, e dias atrás eu me achei traduzindo a seguinte
mensagem (de um programa gráfico!):

"Cannot open pipe to process"

Achei isto fantástico. Não que eu (e que talvez a maioria nesta lista)
não entenda a frase ou mesmo que ela seja difícil de traduzir para
português, mas é porque ela simplesmente _não_ faz sentido para um
usuário leigo. Eu fique imaginando o que meu pai - que tem dificuldades
para controlar um 'mouse' - pensaria se visse uma mensagem deste tipo,
mesmo que ela fosse em português ;)

Voltando a questão a questão do Amarok e do Rhythmbox, estes dois
exemplos, aliados aos conceitos expressos no artigo, me fizeram pensar
no processo de "gerenciamento de conteúdo musical". Imaginem o seguinte
cenário:

o você abaixa músicas da internet utilizando um cliente "peer-to-peer"
  qualquer que lhe permita procurar as músicas que você deseja. Para
  evitar problemas, vamos supor aqui todas estas músicas são codificadas
  usando Ogg Vorbis e os autores delas aplicaram uma licença Creative
  Commons adequada ;)
o muito provavelmente as músicas são abaixadas para um diretório X que
  não é o diretório final onde você deseja guardá-la (digamos, o
  diretório Y). Então você vai usar um shell (gráfico ou não) para mover
  as músicas abaixadas para o diretório Y.
o obviamente você vai querer tocar a música, e para isto vai precisar de
  uma terceira aplicação. Com sorte esta aplicação vai
  suportar "playlists" e você vai poder adicionar sua música à
  "playlist" adequada, mas aqui entra o "pesadelo" das playlists
  desatualizadas ou pior, devo adicionar esta música a playlist do álbum
  a que ela pertence ou a uma playlist geral? ou ainda a uma playlist
  das músicas mais recentes? Sei lá...
o eventualmente só isto não basta. Você gostou tanto da música que
  deseja cantar junto e portanto quer a letra da música. Aí você vai
  precisar abrir um navegador, redirecioná-lo para o Google e então
  procurar por "<nome_da_música> lyrics" e então você vai ter a letra
  que tanto queria.
o o processo acima vale também para o caso onde você ouviu uma música e
  gostou muito, mas não sabe o nome. Mais uma vez a combinação
  navegador+Google "salva a pátria", desde que você lembre ao menos de
  um trecho da letra da música.
o obviamente que só isto ainda não basta. Você tem um gravador de CD e
  um pendrive player de MP3, e deseja transferir suas músicas para ambas
  as mídias em questão. Bom, dependendo das preferências de cada um,
  este processo vai envoler direta ou indiretamente de 1 a uns 4 ou 5
  programas diferentes.

Daria para listar muitas outras coisas, mas aí ninguém leria esta
mensagem ;)
Apesar de que para muitos de nós a separação de cada uma destas etapas é
completamente evidente e até mesmo aceita como necessária, isto não vale
para a grande maioria dos usuários que simplesmente querem tocar
música ou ainda gravar uma música muito legal que ouviram na rádio em
seu MP3 player.

Bem, o que toda esta conversa tem a ver com SL? Bem, acho interessante
a inovação e busca por novas idéias na forma de como usamos um
computador. Muitos desenvolvedores de software proprietário não têm
liberdade para inover em seus softwares. Vejam por exemplo o SO Windows
da Microsoft. O sistema é, em termos gerais o mesmo (em termos de
usabilidade) desde a versão 95: menu Iniciar, Painel de Controle (que
não controla nada - hehe), Windows Explorer, Janelas, Barra de Tarefas,
etc. A Microsoft não pode se dar ao luxo de revolucionar o sistema de
uma versão para outra devido aos riscos que ela tem em perder aqueles
clientes que já se acostumaram com as versões (e seus paradigmas)
anteriores. Cada pequeno detalhe adicionado/removido do sistema tem que
ser absolutamente comprovado de que não será uma dificuldade para os
usuários ou ainda estes não sentirão sua falta. Apesar de todo este
cuidado, isto _não_ significa que o paradigma proposto e estabelecido
pela Microsoft através do Windows seja o melhor, mais eficiente, mais
fácil ou ainda pior: definitivo.

Em SL a liberdade para "tentar" novas idéias neste campo é muito maior,
e se aliarmos boas idéias e esforço, podemos conquistar ainda mais 
usuários.

Por último, foi mal pelo tamanho da mensagem ;)

Abraços,
Adriano
--
Adriano Winter Bess
ICQ: 21569917
Irc: nyquide

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