[GUFSC] [thiagotavares@uol.com.br: [PSL-BA]Desafios para ampliação e consolidação do software livre ]

Wagner Saback Dantas wagners em das.ufsc.br
Sexta Maio 28 21:26:57 BRT 2004


----- Forwarded message from Thiago Tavares Nunes de Oliveira <thiagotavares at uol.com.br> -----

      Caros,

      Chamo a atenção de todos para este documento.

      []s
      Thiago Tavares 
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       Declaração de Barcelona para o avanço do Software Livre
      Editoria: Geral
      24/May/2004 - 11:14 
      Os desafios para ampliação e consolidação do software livre 
      Barcelona, 18 de maio de 2004 

      Importante documento coletivo lançado em Barcelona na semana passada assinado por várias personaliddes internacionais que discutem o tema da sociedade do conhecimento e software livre 

      Por: Manuel Castells, Vinton Cerf, Marcelo D'Elia Branco, Juantomás García, Jesús M. González Barahona, Pekka Himanen, Miguel de Icaza, Rafael Macau, Jordi Mas, David Megías, Òscar del Pozo, Pam Samuelson 

      Documento de Barcelona para o avanço do software livre * 

      1.Contexto histórico 

      Internet é software livre 

      A maior parte da infraestrutura de Internet baseia-se em software livre e em protocolos abertos. Atualmente, mais de 60% dos servidores Web utilizam Apache, um grande número de servidores de correio usam Sendmail para gerenciar o envio de correio eletrônico e praticamente a totalidade dos servidores de nomes (DNS), essenciais para o funcionamento da Rede, utilizam o programa BIND ou derivados de seu código fonte. É indiscutível a importância que vem ganhando o software livre na expannção e desenvolvimento da Internet desde seu início e a influência mutua desses dois âmbitos tecnológicos é um fato indiscutível. Portanto, o sucesso do software livre vai muito além de ter à disposição uma enorme quantidade de programas com licenças livres (entre os quais o sistema operacional GNU/Linux, o navegador Mozilla ou o pacote de escritório OpenOffice são exemplos importantes). 

      História 

      Embora as origens do software livre sejam datadas na década de 60 com os primeiros desenvolvimentos de software, o movimento como tal não foi formalizado até os anos 80, quando aconteceram, entre outros, os seguintes fatos: A criação do projeto GNU is Not Unix (GNU), liderado por Richard Stallman. 

      - A constituição da Free Software Foundatiom (FSF). - A publicação da primeira versão da GNU Public License (GPL). - O desenvolvimento de BSD UNIX na Universidade de Califórnia em Berkeley. - A livre circulação e intercâmbio do software através da Internet. 

      Posteriormente, a década de 90 foi a instância de expansão desse movimento. Dois fatores foram fundamentais para que isso acontecesse. Um deles foi a chegada dos primeiros sistemas operacionais completos totalmente livres, como o 386BSD -que posteriormente evoluiria para o NetBSD e FreeBSD (com a contribuição decisiva da Universidade de Califórnia em Berkeley)- e o GNU/Linux, quando o trabalho de um estudante finlandês, Linus Torvalds, permitiu dispor de um núcleo livre para o sistema operativo iniciado por Stallmam e a FSF. 

      O outro fator é a popularização do acesso à Internet, que multiplicou a comunicação e a internacionalização das comunidades encarregadas do desenvolvimento do software livre, além de facilitar sua distribuição. 

      Na década atual iniciou o processo de consolidação do movimento, como é demonstrado pelo fato de vários milhões de pessoas usarem produtos do software livre no mundo inteiro. Além disso, o software livre é usado de maneira oficial em muitas empresas (desde as pequenas e médias, até grandes multinacionais) e instituições públicas, e o número de usuários e desenvolvedores de software livre não pára de crescer. 

      Também é importante destacar os valiosos aportes das grandes empresas do setor da informática, como Netscape, SUN Microsystems, IBM, Novell ou Red Hat. É de se esperar que esta consolidação se torne evidente nos próximos anos, mas não devemos perder de vista que existe uma série de desafios que o software livre terá que enfrentar com sucesso se quiser continuar com seu crescimento. 

      O aporte decisivo do mundo universitário 

      O mundo universitário vem assumindo um papel muito destacado no desenvolvimento da Internet e do software livre. Algumas das tecnologias de base do mundo livre, como os sistemas operacionais baseados na BSD, o sistema gráfico X-Window, e tantos outros, vêm sendo desenvolvidos e melhorados nas universidades. O próprio Richard Stallmam veio do mundo acadêmico, e o reconhecido pai do kernel Linux, Linus Torvalds, desenvolveu a primeira versão do mesmo quando ainda era estudante universitário. 

      2. Desafios e novas oportunidades para o software livre 

      A década atual deve ficar marcada pela extensão e pela consolidação do software livre. Para atingir este objetivo, ele deve enfrentar diversos desafios e algumas ameaças, dos quais queremos enfatizar neste documento. Este conjunto de desafios e oportunidades foi classificado em sete âmbitos diferentes: acadêmico, técnico, estratégico, legal, social, do voluntariado e institucional. 

      Âmbito acadêmico 

      O software livre, detém certas características que o transformam em um centro de interesse para o mundo universitário. Do ponto de vista da investigação, o software livre transfere os princípios básicos do modelo científico de produção de conhecimento (livre difusão, revisão por parte de especialistas, constante procura de melhorias, reprodutibilidade dos resultados) ao mundo do desenvolvimento do software, que também se tornou uma ferramenta essencial para a pesquisa em qualquer âmbito. Do ponto de vista educacional, o software livre proporciona muitas vantagens (independência do fabricante, facilidade de compartilhamento do conhecimento, flexibilidade, etc.) que já têm sido identificadas por parte de muitas universidades. Portanto, parece razoável que o software livre adquira, a cada dia, uma importância maior para as universidades e também que sejam eliminadas as principais barreiras para seu uso na pesquisa e na docência. Indo um pouco além, o modelo de compartilhamento do conhecimento estimulado pelo software livre pode ser estendido para outras áreas, como por exemplo, a produção de materiais docentes. Isto pode significar toda uma revolução na organização do ensino. Esta tendência é capaz de conduzir a um novo modelo docente, dando espaço a um verdadeiro entorno aberto para a educação. Muitos dos motivos pelos quais o software livre ajusta-se extremamente bem às necessidades da educação superior também se aplicam à educação básica e média. Portanto, o uso do software livre nessas etapas deveria ser promovido e impulsionado pelas instituições que têm responsabilidade nessas áreas, seguindo o exemplo de alguns casos de sucesso como o de LinEx em Extremadura. 

      Âmbito técnico 

      Do ponto de vista técnico, o software livre precisa dispor de tecnologias que permitam simplificar o desenvolvimento de programas livres e melhorar a integração entre diferentes sistemas (como Mono ou DotGNU). Também deve continuar a evolução das tecnologias de escritório para facilitar o uso dos sistemas atuais (KDE, GNOME, Mozilla, OpenOffice). Além disso, é necessário trabalhar para consolidar os padrões (como OASIS), no mundo do software livre, com a finalidade de garantir a interoperabilidade de todas as aplicações livres. A integração do software em todo tipo de dispositivos eletrônicos, além dos computadores pessoais de escritório (por exemplo, os dispositivos móveis, leitores de DVD, reprodutores de música, etc.), abre uma nova via de expansão na qual o software livre deve introduzir-se como tecnologia de ponta, proporcionando a independência do provedor. Uma oportunidade para o avanço do software livre, do ponto de vista técnico, seria desenvolver uma aplicação livre que possa converter-se em referencia para a sua área. Por exemplo, no campo da segurança e da privacidade constitui-se um terreno no qual é possível criar uma aplicação que seja convertida em um padrão. 

      Âmbito estratégico 

      A liberação do código fonte dos programas, como ocorre com o software livre, é um estímulo decisivo para a competitividade e permite melhorar, através da cooperação, a qualidade das aplicações do ponto de vista do usuário. O software livre tem que trabalhar firmemente para combater as técnicas FUD (fear, uncertainty and doubt - medo, incerteza e dúvida) que são utilizadas contra ele. Para conseguir isto, a informação deve ser a melhor ferramenta. Também é necessária a realização de pesquisas aprofundadas sobre o Custo Total de Propriedade (Total Cost of Ownership, TCO) e a documentação dos casos de implantação de software livre bem sucedidos. 

      Âmbito social 

      No âmbito social é preciso trabalhar para generalizar o uso do software livre indo além dos peritos e dos usuários especialistas. É necessário trabalhar para apresentar o software livre como uma alternativa dentro do mundo empresarial. A sociedade da informação deve fundamentar-se na livre circulação do conhecimento, mas para que isso se concretize é necessário um domínio da tecnologia subjacente, para que todos participem dela de forma ativa. O software livre é uma ferramenta necessária para evitar uma divisão entre os países que lideram esse processo e os que só intervém nele como meros consumidores de tecnologias proprietárias. As metodologias usadas no software livre podem ser utilizadas também como fórmula para a abordagem de certos problemas sociais. O modelo aberto dos processos de testes e melhoria das soluções pode ser aplicado em âmbitos como o da saúde. Este conceito, conhecido como web social, está sendo desenvolvido atualmente no Centro para a Sociedade da Informação de Berkeley. 

      Âmbito legal 

      As iniciativas para estender o âmbito do que é possível patentear , ou o patenteamento do software constituem uma grande ameaça para a indústria do software em geral e para o software livre em particular. Este problema tem uma maior relevância agora na Europa, onde as patentes de software ainda são objeto de debate, e está sendo discutida a promulgação de uma diretiva a respeito. Outro aspecto a ser considerado é a validade das diferentes licenças como ferramenta para proteger o software livre, principalmente quando são aplicadas em jurisdições diversas. Finalmente, seria conveniente tomar medidas para garantir os direitos autorais do software livre, de forma que possam evitar-se situações de insegurança jurídica como as surgidas em função das demandas colocadas pela SCO. 

      Âmbito do voluntariado 

      É preciso seguir encontrando vias para manter e promover a colaboração e os aportes voluntários ao software livre. Deve ser preservado o espírito de colaboração do voluntariado (como no caso do projeto Debian) assim como o seu destaque diante do crédito que lhe oferecem empresas e instituições. O voluntariado tem um papel fundamental para garantir a qualidade do desenvolvimento e também permite conservar o espírito e a filosofia do movimento. 

      Âmbito institucional 

      O estímulo ao uso e desenvolvimento de plataformas livres e de código aberto nas administrações públicas é garantia de uma maior interoperabilidade entre os sistemas de informação, a possibilidade de auditoria dos códigos fonte dos programas com o objetivo de preservar a segurança e privacidade dos dados, a independência dos fornecedores estimulando a competitividade e a redução de custos em licenças de software. Além disso, o software livre contribui com o desenvolvimento de uma indústria de software na região, substituindo a transferência de royalties para o exterior, em forma de pagamentos de licenças, por contratos de serviços calcados no novo modelo de negócios proporcionado pelo software livre. Este fato incentiva a implantação de novas empresas e a criação de postos de trabalho qualificados, aproveitando o conhecimento local disponível. Por esta e por outras razões, vários governos em todos os continentes vêm desenvolvendo políticas públicas neste sentido. Mas é necessário que nos inspiremos na lógica do principal motivo do sucesso da comunidade software livre e estimulemos a cooperação entre as diferentes administrações visando diminuir os custos de desenvolvimento e o compartilhamento de experiências. Para tanto, propomos a criação de uma rede de cooperação internacional entre administrações públicas que estabeleça relações institucionais com organismos do terceiro setor (incluindo ONG´s), comunidades de desenvolvedores de software livre, universidades, organismos das Nações Unidas e com o setor privado, procurando atingir estes objetivos. 

      Barcelona, 18 de mayo de 2004 

      Copyright (c) 2004 Manuel Castells, Vintom Cerf, Marcelo D'Elia Branco, Juantomás García, Jesús M. González Barahona, Pekka Himanen, Miguel de Icaza, Rafael Macau, Jordi Mas, David Megías, Òscar del Pozo, Pam Samuelson. É autorizada a cópia e distribuição deste documento completo, por qualquer meio, desde que seja feita de forma literal e mantendo esta nota. 

      Tradução: Gabriela Petit 

      Em Castelhano http://www.uoc.edu/activitats/docbcn/esp/docbcn.htm 

      Em Galego http://www.cibersociedad.net/recursos/art_div.php?id=9 

      Em Catalão http://www.uoc.edu/web/cat/noticies/DocumentBCN1405.html 


     
      Fonte: Universitat Oberta de Catalunya - UOC 
        





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Wagner Saback Dantas
wagners at das.ufsc.br
Departamento de Automação e Sistemas - DAS
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC




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