[GUFSC] [Fwd: [QuilomboDigital] Nassif, mais um discípulo de mr. Stallman]

Ricardo Grutzmacher grutz em terra.com.br
Segunda Maio 24 19:02:32 BRT 2004



-------- Original Message --------
Subject: [QuilomboDigital] Nassif, mais um discípulo de mr. Stallman
Date: Mon, 24 May 2004 13:39:58 -0300
From: Rafael Evangelista <rae at unicamp.br>
Reply-To: lista at quilombodigital.org
To: lista at quilombodigital.org

Rapaziada, é impressionante como fica o convertido quando vê a luz. O
que a comunidade fez com a cabeça desse cidadão... eu o entrevistei há
um tempo e o discurso era aquele: inovação, patente, patente, inovação,
conhecimento, patente. Inclusive pq ele é amigo e influencia um povo q
dá as cartas no estímulo à pesquisa científica - e esse povo reza forte
o credo patentário. Viraram a cabeça do sujeito de uma forma q agora ele
só fala nisso. Que beleza!

[]
rafael



http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi2205200408.htm

LUÍS NASSIF

O envelhecimento da patente

A patente foi o motor das inovações no século 20. Provavelmente será o
maior obstáculo às inovações no século 21. É a conclusão a que se chega
à medida que se avança nas análises sobre as estruturas de trabalho em
rede, propiciadas pela propagação da internet.
Os EUA entenderam a importância da patente quando empresários inovadores
criaram linhas de navios movidos a motor. Pagaram o preço do
pioneirismo, quebraram e viram o mercado ser ocupado pelos que vieram
depois da estrada aplainada.
Havia um claro desestímulo à inovação, já que as idéias inovadoras, por
inovadoras, tinham maior dificuldade em serem aceitas de cara. A patente
foi a maneira de estimular a inovação, garantindo ao inventor a defesa
necessária para investir e ousar.
Com o avanço do trabalho em rede, a situação hoje em dia é outra: as
patentes acabam se constituindo em barreiras à inovação. A grande
corporação investe pesadamente em pesquisa, obtém as patentes. Tem
defesas naturais contra os entrantes, por meio do desenvolvimento de
processos de fabricação, da consolidação de marca e de sair na frente.
Ao mesmo tempo, o avanço do trabalho em rede permite a um conjunto
grande de cientistas e desenvolvedores trabalhar em conjunto e agregar
aprimoramentos e inovações aos produtos já existentes. Mas esse processo
é barrado pela existência de patentes.
Hoje em dia, talvez a comunidade que mais intensamente se valha da rede
para trabalhos conjuntos é a científica. No entanto toda essa energia
criativa, disseminada, colaborativa acaba emperrando nas barreiras
criadas pelas patentes.
A explosão da indústria química norte-americana foi possível quando a
Segunda Guerra Mundial implodiu com o domínio que os alemães tinham
sobre as patentes do setor. Por si, esse exemplo seria suficiente para
demonstrar o obstáculo que as patentes criaram para a inovação e a
competição mundiais.
Justamente por isso, dentro das "boas práticas" que os países
desenvolvidos recomendaram aos países em desenvolvimento, no Consenso de
Washington, estava a questão do respeito às patentes, como elemento
essencial para estimular as pesquisas nos próprios países emergentes.
Anos atrás, aqui mesmo na coluna, me lembro de ter defendido essa posição.
O sistema de software livre, o trabalho em rede, coloca em xeque
definitivamente essa verdade. Não significa que o Brasil tenha condições
de romper com acordos de patentes unilateralmente. Significa que é
questão de tempo para que esse instituto envelheça e seja considerado
como o grande entrave à inovação em nível mundial.

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