[GUFSC] [Fwd: [Ine5319-0532] Together 6.0]
Ricardo Grützmacher
gufsc@das.ufsc.br
Fri, 20 Dec 2002 08:18:32 -0200
> Mas o que tenho percebido é que não tem se discutido a usabilidade
> e a qualidade do software livre.
Acho que isto acontece muitas vezes pois existem muitos softwares e nós
somos poucos usuários, além disso acho que ninguém aqui é desenvolvedor
de um grande pacote de software livrenos. Isto faz com que quando
achamos algum software livre nós simplesmente usamos e não perdemos
tempo dizendo ``ah, esse software tem uma interface que é um lixo'',
``ah, é muito difícil de usar''.
> Assim como ele vantagens, também tem
> desvantagens.
Todos tem. Tudo na vida tem!
> Não podemos jamais cair na alienação do software livre como
> a melhor solução para todas as situações.
Se você considera assim a questão não posso mudar a tua opinião, mas
peço que as discussões sobre softwares proprietários sejam feitas em
outras listas. Ninguém está aqui para ser convencido a abrir mão da
liberdade para usar um software proprietário.
Isto deve soar um pouco estranho para você que coloca o software
proprietário com uma opção normal. Eu considero o software proprietário
como uma opção ruim, por isso digo ``não obrigado, eu vou fazer sem ele''.
Do ponto de vista da liberdade o software proprietário simplesmente não
serve. Ele nunca será considera como um ``possível solução''.
Ao afirmar que um software proprietário ``pode'' ser uma solução em
determinadas situações você está se restringindo à discussão _técnica e
econômica_, mas nossas discussões aqui são mais amplas e _sempre_
involvem a questão da *liberdade*.
Como eu falei anteriormente talvez a Linux-L da INF seja um bom local
sobre troca de informações sobre softwares proprietários para sistemas
livres.
Aqui no GUFSC nós queremos descobrir como se faz tudo da melhor maneira
possível só com software livre. Não estamos interessados discutir como
instalar o Matlab no GNU/Linux por exemplo.
OBS: Software livre para sistemas proprietários também é tema de
discussão nesta lista, mostrando que a questão é o software livre e não
um movimento anti-windows como algumas pessoas já equivocadamente
identificaram.
> Embora o custo, a acessibilidade
> ao código-fonte e uma vasta rede de programadores pelo mundo (testando
> inclusive os softwares) sejam pontos fortíssimos para a disseminação e
> ampla utilização de SOs como o Linux, o mercado não fica à espera para
> reagir com melhores serviços ou produtos.
O problema colocado deste ponto de vista é das empresas que desenvolvem
software livre que como parte de um negócio.
Apesar de não achar que isto seja uma preocupação constante dos usuários
eles podem fazer várias coisas para ajudar.
A primeira coisa que um usuário pode fazer para ajudar o software livre
é obviamente usar o software.
Usar um software proprietário no lugar de um software livre é certamente
a pior coisa que um usuário pode fazer neste sentido.
Outras maneiras de ajudar o desenvolvimento de software livre são:
fomentar projetos (via PayPal por exemplo), postar bugs muito bem
detalhados, ensinar outras pessoas a usarem, sugerir melhorias, divulgar
o software, distribuir cópias do software (de graça ou pago quando
possível) ou ainda simplesmete mandar um email para o desenvolvedor
dizendo ``Obrigado por este excelente software livre que você deu para
mim com todas as liberdades que eu mereço'', ou então a propósito do
Natal poderíamos todos mandar mensagens de feliz natal para todos os
desenvolvedores de software livre que programaram os softwares que
utilizamos principalmente aqueles desenvolvedores menos famosos que não
recebem tanto reconhecimento.
> O Together, como foi comentado,
> é proprietário, mas pode ser (não conheço) muito bom. Não seria o caso de
> ver o que ele tem de interessante, por exemplo? Se ele for bom, por que
> não montar um grupo de desenvolvedores catarinenses - já que SC é
> referência de software no Brasil - para desenvolver uma solução livre (e
> melhor)?
Mas então a atitude correta seria postar na lista uma mensagem dizendo
que alguém tem determinado software _proprietário_ X que tem
funcionalidade xxx que não está presentes no software _livre_ Y que
muitos estão usando. Daí seguiria uma sugestão que algum de nós
programasse uma funcionalidade yyy no Y, análoga a xxx do X. Entretanto
não foi com esta moral que o assunto foi abordado.
Acho ótima a idéia de colaborarmos com os projetos de software livre ou
mesmo iniciar um próprio. Se você puder colaborar neste sentido seria ótimo.
Aproveitando gostaria que os desenvolvedores de software livre se
manifestassem na lista para sabermos com quem poderíamos contar numa
eventual necessidade. (Informem seu preço e disponibilidade também)
> O OpenOffice, dissidente do StarOffice, veio como uma solução
> livre - alternativa ao que já existia de comercial. Acredito que tenha
> partido como resposta ao Microsoft Office e depois ao próprio StarOffice,
> certo?
O StarOffice era um Office proprietário e comercial como qualquer outro.
Numa certa altura ele foi comprado pela Sun que depois resolveu torná-lo
software livre.
Não tenho certeza mas acho isto acontece como estratégia das empresas
tradicionais. Estas empresas, como a Sun, não tem compromisso com o
software livre. O modelo delas claramente é outro. Elas apenas acharam
no software livre uma maneira de competir com os gigantes. (Consulte o
programa de acesso ao código do Solaris para entender quem é a Sun!)
Com o lançamento do OpenOffice a Sun além de ter atraído muito mais
usuários por disponibilizar um Office livre ela ganhou de graça um
grande time de desenvolvedores e testadores para o produto ``dela''.
Falando de outra história, a Qt por exemplo ficou virou software livre
por pressão do KDE que estava ficando bom mas iria perder a briga para o
GNOME pois este último usava uma biblioteca livre (GTK+).
> Houve, sim, um engano, ao incluir livre com proprietário. Mas será
> que não estamos perdendo alguma coisa simplesmente ignorando os softwares
> proprietários? Antes ficar perto do inimigo que não saber onde ele está...
Como usuário de software livre acho que *não*, pois não adianta um
usuário de software livre saber que existe um software proprietário que
faz determinada coisa que os softwares livres não fazem. Ele
simplesmente não vai poder fazer aquilo. É uma questão de aceitar a
diferença. Ou então virar desenvolvedor e fazer as modificações desejadas.
Como desenvolvedor de software livre acho que é provável. A idéia na
verdade é pegar os bons exemplos para fazer um software melhor. Não
interessa se é software livre ou proprietário. Entretanto copiar
funcionalidades de um software proprietário para ser perigoso pois ele
pode ter funcionalidades patenteadas como o caso antigo do recálculo em
ordem natural nas planilhas eletrônicas.
> O tio Bill não se mantém no seu trono de luxúria ficando de costas
> para os outros...
PS: Você sabe o que é luxúria? Acho que você acabou dando um sentido
muito louco para esta frase.
Sds.
Ricardo.