[GUFSC] Em Roma, como os romanos... "Os defensores e as empresas que
trabalham com software livre...
Ricardo Grützmacher
grutz em terra.com.br
Quinta Julho 3 12:13:19 GMT+3 2003
Fonte: http://www.cipsga.org.br/article.php?sid=4246&mode=thread&order=0
"Os defensores e as empresas que trabalham com software livre não podem
ficar somente debatendo e esperando. É preciso aprender a se antecipar e
chamar a atenção, como sabe fazer muito bem a Microsoft"
Leiam a noticia e postem seus comentarios...
Fonte: CorreioWeb
Por Fabricio Rocha fabriciorocha em correioweb.com.br
Parece até algo antagônico que, em pleno governo petista, a comunidade
defensora do software livre esteja, digamos, tão apreensiva. Olhos se
arregalaram quando foi anunciado na semana retrasada o acordo da
Microsoft com o Ministério da Educação para doar Windows e Office para
escolas públicas primárias. Forma esperta de trazer à informática o
ditado é de menino que se torce o pepino, seja lá qual for o sentido da
frase. Com isso, a Microsoft garante a criação de mais uma geração de
usuários de seus programas e ainda faz uma média com o governo e a
sociedade. É o poder do dinheiro! A Microsoft comprou o PT!, vozes bradaram.
O que uma segunda olhada na história mostra é que o raciocínio é vazio e
ingênuo, especialmente por não estar carregado de mea culpa, como
deveria. Basta lembrar que Bill Gates tem de bobo só a cara, bem como
seus diretores e executivos. A Microsoft, líder das empresas de software
proprietário, ocupa essa posição porque não dá ponto sem nó, não vacila,
não lambuza o torresmo e não dá mole pra mané. Seja para fazer barulho
com alguma novidade tecnológica (mesmo que não seja de fato novidade)
quanto para passar uma rasteira espetacular na concorrência, ela sai na
frente de todo mundo. O governo não tem nem motivo para recusar ajuda.
Claro que é preciso verificar bem que conseqüências isso trará para as
crianças, mas a princípio toda ajuda é bem-vinda.
Os concorrentes reclamam, mas bem que têm sua culpa. Por que a Sun
Microsystems, autodeclarada como a maior rival da Microsoft, demora
tanto para traduzir e entregar ao governo o StarOffice, que prometeu
doar para instalação gratuita em todas as escolas públicas do país? Não
é tão complicado em fazer uma tradução até porque já havia versões
anteriores do StarOffice em português e verba a Sun tem bastante. Comeu
mosca. E a turma do software livre, então? Já tem Linux brasileiro há
tempos, o OpenOffice.org também, os dois funcionam bem e por natureza
são gratuitos. Ainda contam com simpatia em geral da imprensa
especializada, da população crítica e de setores do próprio governo. O
que está havendo de errado? Por que a preocupação?
Em uma palavra, o que está faltando ao software livre no Brasil é
barulho. Em termos claros: até hoje ensimesmados num universo de
scripts, alguns softwares ridiculamente difíceis de usar, linguagem e
pensamento essencialmente técnicos e falta de visão de usuário, o
movimento do software livre mundial ignora a importância de se mostrar
ao público como algo existente e de fazer esforços para cada vez mais
facilitar a vida de quem quer dar uma banana para o software
proprietário. Preocupa-se com debates filosóficos, atualizações de
programas para servidores de rede, cochichos de bastidores e eventos
pequenos. Deveria se preocupar com ações no mundo real, com aplicativos
mais fáceis de usar e versáteis, com publicidade e grandes eventos e
aprender a, estando em Brasília, ou melhor, em Roma, agir como os
romanos. E não é uma questão simplesmente de dinheiro, porque há cada
vez mais grandes empresas envolvidas com o software livre, como a
Computer Associates, a IBM, a própria Sun e, guardadas as devidas
proporções, a Conectiva também tem lá seus recursos.
Mais importante ao movimento é se organizar e sair de casa tocando
bumbo. Publicidade não é algo tão caro assim para empresas do quilate
das mencionadas. Mas alguém já viu um anúncio de Linux na televisão? Um
merchandising sobre software livre na novela das oito? Pois é possível
que os interessados nem tenham pensado nisso. E se ninguém lembra, foi
na microinformática, no desktop do usuário doméstico, que a Microsoft se
fez, e as pessoas começaram a pensar legal isso aqui na minha casa, será
que eu posso usar também na empresa?. É importante, portanto, mostrar-se
para o usuário doméstico, aquele que vai comprar o primeiro computador
em 36 vezes, para que ele chegue à loja e pergunte e se eu quiser com
aquele Linux, moço, fica mais barato?. Comunicação interna também é
importante. Pois imagine só que, na semana passada, mais uma vez
aconteceu um evento da Conectiva em Brasília e seus parceiros locais não
participaram porque não sabiam a programação. E enquanto a Câmara-e.Net,
atual advogada não-declarada do software proprietário, promove eventos e
entrevistas com seus diretores e manda e-mails e informativos para a
imprensa e quem mais quiser, a Associação Brasileira de Software Livre
(Abrasol) quase não saiu do papel, apesar de seus 45 associados, e conta
apenas com um diretor Sandro Henrique Nunes, ex-Conectiva e uma
secretária. Aí fica difícil. Para enfrentar dragões do porte de uma
Microsoft, é melhor se inspirar em George W. Bush do que na história de
Davi e Golias.
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