[GUFSC] Lance Software Livre Caso Você Trabalhe em
uma Universidade
Ricardo Grutzmacher
grutz@terra.com.br
Tue, 06 Aug 2002 02:19:01 -0300
Eu já havia lido este texto a um tempo e redescobri ele graças a uma
propaganda do CIPSGA.
Acho que é um ótimo texto para publicarmos na página do GUFSC.
Fonte:
http://www.gnu.org/philosophy/university.pt.html
Nós, do Movimento Software Livre, acreditamos que os usuários de
computador devem ter a liberdade de modificar e redistribuir os
programas que eles usam. Na língua inglesa, "livre" ("free"), significa
"liberdade", mas também "gratuito". Essa particularidade, leva muitas
pessoas à compreenderem erradamente os ideais de nosso movimento. O
termo "livre" ("free") para nós se refere à liberdade. Isso implica que
os usuários tem a liberdade de executar, modificar e redistribuir os
programas. O Software Livre contribui para o aperfeiçoamento do
conhecimento humano, enquanto os programas proprietários não. As
Universidades deveriam encorajar o desenvolvimento de software livre em
consideração dos avanço do conhecimento humano, da mesma maneira que
eles encorajam seus cientistas e catedráticos a publicar seus trabalhos.
Porém muitos administradores de universidades tem uma atitudades
conservadora em relação ao software (e também sobre a ciência). Eles
veem os programas como uma oportunidade para lucro, não como uma
oportunidade para contribuir para o conhecimento humano. Os
desenvolvedores de software livre vem lidando com essa situação nos
últimos 20 anos.
Em 1984, quando eu iniciei o desenvolvimento do sistema operacional GNU,
minha primeira decisão foi pedir demissão de meu trabalho no MIT. Fiz
isso para que a licença de desenvolvimento do MIT não interferisse no
lançamento do GNU como um software livre. Eu havia planejado uma
estratégia para licenciar os programas GNU de mode que garantisse que
todas as versões modificadas também fossem software livre. Essa
estratégia foi formalizada na Licença Publica Geral do GNU. Ou seja, saí
do MIT pois não queria que os administradores do MIT pudessem me proibir
de usar a GNU GPL.
Durante esses anos, funcionários de várias universidades tem vindo até a
Fundação Software Livre para pedir conselhos de como evitar o controle
dos administradores que veem programas apenas como algo para se vender.
Um método muito eficaz, aplicável também para projetos já em
desenvolvimento, é basear seu trabalho em um programa já existente e
lançado sob a GNU GPL. Então, você pode falar para o administrador: "Nós
não temos permissão para lançar uma versão modificada à menos que ela
use a GNU GPL. Qualquer outra licença estaremos infrigindo o copyright".
Depois de ver os cifrões de dólar desvanecer na frente dos seus olhos,
eles em geral concordam em lançar como um software livre.
Você pode também pedir ajuda ao financiador do projeto. Quando um grupo
da NYU (New York University) desenvolveu o GNU Ada Compiler, com o
financiamento da Força Aérea Americana, o contrato estabelecia que
possíveis ganhos financeiros do projeto deveriam ser doados para a
Fundação Software Livre. Primeiro estabeleçeram o acordo com o
financiador, depois comunicaram aos administradores da universidade.
Então, eles preferiram ter um contrato para desenvolver software livre
do que não ter nenhum contrato.
Seja lá como for, aborde o assunto antes que o programa já esteja
pronto. Enquanto o programa ainda estiver em fase desenvolvimento eles
vão precisar de você. Diga aos administradores que você irá terminar o
programa, tornar ele usável, apenas se eles concordarem em tornar o
programa um software livre. Caso contrário, você irá desenvolvê-lo até o
ponto de poder escrever um artigo científico sobre ele e nunca irá
concluir uma versão boa o suficiente para ser lançado comercialmente.
Quando os administradores perceberem que suas escolhas são ter um
programa livre com os créditos para a universidade ou nada, eles irão
escolher a primeira opção.
Porém nem todas as universidades tem políticas restritivas. A
Universidade do Texas, tem uma política que determina que, por default,
todos os programas desenvolvidos lá sejam licenciados com a GNU GPL. O
mesmo aconteçe na Univates, no Brasil, e no Instituro Indiano de
Tecnologia da Informação, em Hyderabad. Tendo o apoio do corpo docente,
você terá mais chance de propor um apoio institucional da universidade.
Apresente o assunto como um princípio: a universidade tem como missão
contribuir para o avanço do conhecimento humano ou sua missão é
meramente continuar aí?
Para qualquer estratégia que você tiver será preciso primeiramente ter a
determinação de adotar uma perspectiva ética, como nós fazemos no
Movimento Software Livre. Tratar o público eticamente, os programas
devem ser livres para todas as pessoas.
Muitos desenvolvedores de software livre defendem sua posição com
argumentos de salientam a praticidade. Dizem que permitir outros
desenvolvedores de compartilhar mudanças no programa é um método de
tornar os programas mais poderosos e confiáveis. Se esses valores
orientam sua motivação de desenvolver software livre, tudo bem,
agradecemos sua contribuição. Porém, acreditamos que esses valores não
são suficientes para manter sua posição firme quando os administradores
da universidade tentarem o persuadir a tornar seu programa um software
proprietário.
Por exemplo, eles pode argumentar que "nós podemos torná-los ainda mais
poderosos e confiáveis com o dinheiro que vamos ganhar com ele". É
difícil saber se isso acontecerá ou não verdade, mas também não é fácil
provar o contrário. Eles podem inclusive sugerir uma licença que permita
cópias grátis para uso acadêmico. Com isso ele dirá que você terá a
cooperação da comunidade acadêmica, que é a que você realmente precisa.
Se você partir de valores "pragmáticos" será difícil dar uma boa razão
para rejeitar essas propostas, mas você poderá fazer isso se basear sua
motivação em valores éticos e políticos. De que vale desenvolver um
programa poderoso e conviável sacrificando a liberdade dos usuários? A
liberdade não tem a mesma importância fora da comunidade acadêmica? As
respostas são óbvias se a liberdade e a comunidade forem os seus
objetivos. O software livre respeita a liberdade dos usuários, enquanto
softwares proprietários a negam.
Nada fortalece mais sua posição do que saber que a liberdade de sua
comunidade depende, em alguma instância, de você.
--
Ricardo Grützmacher
``Quando a gente muda, o mundo muda ao nosso redor!''